Tolkien pensou sobre a evolução da linguagem quando os falantes são imortais?

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Tolkien, sendo linguista, projetou suas linguagens fictícias com bastante cuidado. O quenya e o sindarin eram intimamente relacionados, tendo ambos descendido do discurso primordial dos elfos. Tolkien, é claro, sabia sobre como as línguas mudam e se dividem no mundo real, mas há uma diferença fundamental entre os humanos e os elfos: os elfos são imortais.

Isso me fez pensar em como a linguagem élfica mudaria se muitos da primeira geração de falantes ainda estivessem por perto. No mundo real, a fala das mudanças individuais de suas vidas, seguindo um pouco as mudanças na linguagem ao seu redor, mas a imortalidade provavelmente suprimiria a evolução linguística de forma significativa. Thingol baniu o discurso dos Noldor em Doriath, mas que língua o próprio Thingol falou? Sindarin moderno? O protótipo da primeira geração que despertou no Oriente?

O que eu estou querendo saber é se há alguma evidência de que Tolkien pensou sobre isso, ou se ele assumiu que a evolução linguística para os elfos seria exatamente assim no mundo real.

    
por Buzz 03.12.2015 / 03:17

2 respostas

Tolkien escreveu um ensaio sobre este assunto em 1960, chamado "Dangweth Pengolod". O ensaio é bastante longo, então eu não vou citar a coisa toda, mas o destaque para mim é essa passagem:

[T]o the changefulness of Ea, to weariness of the unchanged, to the renewing of the union: to these three, which are one, the Eldar also are subject in their degree. In this, however, they differ from Men, that they are ever more aware of the words that they speak.

[...]

A man may indeed change his spoon or his cup at his will, and need ask none to advise him or to follow his choice. It is other indeed with words or the modes and devices of speech. Let him bethink him of a new word, be it to his heart howsoever fresh and fair, it will avail him little in converse, until other men are of like mind or will receive his invention. But among the Eldar there are many quick ears and subtle minds to hear and appraise such inventions, and though many be the patterns and devices so made that prove in the end only pleasing to a few, or to one alone, many others are welcomed and pass swiftly from mouth to mouth, with laughter or delight or with solemn thought - as maybe a new jest or new-found saying of wisdom will pass among men of brighter wit. For to the Eldar the making of speech is the oldest of the arts and the most beloved.

History of Middle-earth XII The Peoples of Middle-earth PArt 3: "The Teachings of Pengolod" Chapter 14: "Dangweth Pengolod"

Assim, as línguas élficas evoluem da mesma forma que as línguas mortais, mas de uma maneira mais deliberada e guiada.

Há também evidências de que o quenya tomou emprestado Valarin, a língua dos Valar e Maiar:

The Eldar took few words from the Valar, for they were rich in words and ready in invention at need.

History of Middle-earth XI The War of the Jewels Part 4: "Quendi and Eldar" Appendix D: "*Kwen, Quenya, and the Elvish (especially Noldorin) words for 'Language'"

Qual efeito que isso teria sobre o sindarin é desconhecido, especialmente porque Thingol proibiu seu uso, mas é uma evidência de que os elfos estavam dispostos a tomar emprestado de outras línguas, quando lhes convinha.

Há mais discussão sobre este assunto em Os Povos da Terra Média , onde Tolkien observa que as línguas élficas na Terra-média divergiram de fato daquelas nas Terras Imortais:

All things changed in Arda, even in the Blessed Realm of the Valar; but there the change was so slow that it could not be observed (save maybe by the Valar) in great ages of time. The change in the language of the Eldar would thus have been halted in Valinor; but in their early days the Eldar continued to enlarge and refine their language, and to change it, even in structure and sounds. Such change, however, to remain uniform required that the speakers should remain in communication. Thus it came about that the languages of the Eldar that remained in Middle-earth diverged from the language of the High Eldar of Valinor so greatly that neither could be understood by speakers of the other; for they had been separated for a great age of time, during which even the Sindarin, the best preserved of those in Middle-earth, had been subject to the heedless changes of passing years, changes which the Teleri were far less concerned to restrain or to direct by design than the Noldor.

History of Middle-earth XII The Peoples of Middle-earth Chapter X: "Of Dwarves and men" Relations of the Longbeard Dwarves and Men

    
03.12.2015 / 03:21

Eu diria que seus idiomas não evoluíram em nada.

Pense nisso. Você é imortal, a única coisa que vai te salvar de enlouquecer é a confiabilidade das coisas que você nomeou e criou - para continuar o mesmo. Eu acho que é onde o preconceito contra os elfos em seus salões de alta vem. Eles são indiferentes, porque ficar atolados no mundo em mudança é perder quem e o que eles são. Essa é a arrogância que você vê, em suas ações.

    
04.12.2015 / 07:09